TEXTO (2)
Continuando as nossas meditações no tema de amizade, devemos distinguir entre amizade e comunhão. Observo com tristeza que é possível estar "em comunhão" numa igreja local, ser membros juntos "da igreja que é o Seu Corpo"; "membros juntos um do outro" sem ter qualquer amizade sincera ou substantiva com certos membros do grupo. Que vergonha! Deveríamos abaixar as nossas cabeças embaraçados se tal coisa é verdade. Quanto dano há feito no bem-estar de muitas companhias de cristãos, e no seu testemunho público pela falta de amizade básica para uni-los.
O ESPÍRITO DE AMIZADE
Foi o sábio Salomão, guiado pelo Espírito da Verdade, que declarou que "O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável" (Prov. 18v24). Esta é uma verdade tão simples, tão óbvia, mas quão fácil é reclamar de uma falta de espírito de amizade para nós, mesmo quando somos, às vezes, descorteses aos outros. Houve pouco espírito de amizade evidente entre os cristãos em Corinto onde abundou "inveja, contendas e dissensões" - as marcas de carnalidade (1a Cor.3v3). Dezenove vezes nas suas duas cartas a eles, Paulo usa a palavra "juntos" começando com o seu apelo para serem "ligados perfeitamente (serem unidos) no mesmo sentimento", e terminando com o seu apelo comovido desejando que eles "vivam em paz". Existe maneira melhor de fazer isto do que irradiar o espírito de amizade para os nossos irmãos? Salomão tinha outras palavras de sabedoria para nos oferecer no tema de amizade. Por exemplo, em Prov.17v17 ele declarou, "Em todo o tempo ama o amigo". Ah, isto é bom, e ajuda. Eu vou sugerir que esta observação nos capacita para ampliar a nossa definição de amizade, e que, para o filho de Deus, é "o relacionamento que é bem evidente entre os que são ligados por amor fraternal". Tal é a amizade que deve ser promovida entre nós, uma que é alicerçada na intimidade e na confiança, nos segredos, e na confidência, uma amizade que é o produto do Mestre quando Ele declarou, "Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (João 13v35). Somente isso é a verdadeira e duradoura amizade, que resiste às tempestades da vida e cria estabilidade entre nós. Isso será a evidência indisputável de que realmente aprendemos dEle que declarou, "Vós sereis Meus amigos" (João 15v14). Qualquer coisa menos que isso é um fingimento do nome de "Cristão".
AMIZADE VERDADEIRA
Voltando para a primeira epístola de Paulo aos Coríntios, como nos regozijamos no capítulo 13 onde achamos o seu discurso sobre a excelência do amor. Como Moffatt descreve na sua tradução, este amor, a que Paulo se refere, "é muito paciente, e muito benigno, ... nunca é egoísta, nunca se irrita, nunca se ofende ... mas sempre anseia pelo melhor". Que ilustração de amizade cristã! No último capítulo da carta, lemos a sua apreciação de Estéfanas e Acaico (infelizmente sabemos pouco deles!). Ele escreve, "recrearam o meu espírito e o vosso" (16v18). Eles eram o quê? Eles eram verdadeiros amigos. AMIGOS E IRMÃOS.
Voltemos para o livro de Provérbios e encontramos um problema. Veja o cap. 17v17 onde lemos: "Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão"! A conclusão clara do versículo é que o "amigo" é diferenciado do "irmão". Isso não devia ser. Outra tradução diz: "Em todo o tempo ama o amigo, e na angústia nasce o irmão". E Plumptre traduz assim: "Em todo o tempo ama o amigo, mas na adversidade torna-se um irmão". Isto é rico, é o melhor e ajuda muito, enfatizando para nós o valor duradouro e permanente da verdadeira amizade cristã. Aqui não temos "um amigo dos tempos bons". Não temos um amigo falso, fingindo o que é longe da verdade. Aqui temos o artigo genuíno, a coisa verídica, porque alguém que expressa tal amizade, é alguém de quem podemos depender. É alguém em quem podemos confiar implicitamente; alguém a quem podemos segredar com segurança; alguém que estará ali na necessidade, quando o caminho é duro e a adversidade surpreende. Este é verdadeiramente um amigo fiel!
Fonte: Counsel Magazine March/April 1998
0 comentários:
Postar um comentário